21 maio 2010

A Soberania de Deus e a Predestinação Bíblica

A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas.

Deus é soberano porque existe antes de todas as coisas, conhece todas as coisas e pode todas as coisas, e está também no controle de todas as coisas (Jó. 42.2; Sl. 115.3; 135.6; Dn. 4.35). Na Bíblia, o conceito de soberania divina está associado
 àquele de um rei celestial, cujas abas das vestes enchem o tempo (Is. 6). No Salmo 48.2 o Senhor é chamado de “grande Rei, cujo reino é eterno porque “reina soberanamente para sempre” (Sl. 29.9). A Bíblia nos ensina que Deus governa sobre tudo e sobre todos (I Cr. 29.11,12).

Características da Soberania de Deus:

•(1) - É Universal - Mt 10:29-31 - Ela se estende sobre toda Sua criação animada e inanimada. Deus exerce poder sobre todas as sua criaturas anjos. Nada acontece sem a sua permissão (Sl 103:19; Dn 4:17).
•(2) - É Absoluta - Is 14:24 - Nenhum limite pode ser posto no lugar da autoridade, poder ou controle soberano de Deus. Em toda criação, nada é capaz de resistir à vontade do Senhor, ou frustrar os Seus propósitos (Dn 4:34,35).
•(3) - É Imutável - Sl 33:10-11 - Durante todo o tempo e sob todas as circunstâncias, a soberania de Deus permanece inalterável. O que Deus decretou ou pré ordenou,inevitavelmente deve acontecer (Is 14:26-27; At 4:27-28).

Predestinação Absoluta

É a doutrina formulada por João Calvino (1509-1564). Teólogo protestante francês formou-se em filosofia na Universidade de Paris. Estudou direito, mas não se dedicou à vida jurídica. Mudou-se para a Suíça, onde escreveu sua grande obra, Institutas. Sua doutrina defende a idéia da predestinação absoluta, fundamentada na soberania de Deus. O homem nada pode fazer para ser salvo; nem mesmo ter fé, pois nessa interpretação, a fé, à vontade, a decisão, e tudo o que diz respeito à salvação, depende de Deus. Pode ser resumida em cinco pontos:

(1) Total depravação. “O homem natural não tem condição de entender as coisas de Deus; Jamais poderá salvar-se, a menos que Deus lhe infunda a fé. Sua depravação faz parte de sua natureza (Jr 13.23; Rm 3.10-12; 1 Co 2.14; Ef 1.3);”
Segundo essa doutrina, nem a fé para a salvação pode o homem ter; é necessário que Deus lhe conceda.
(2) Eleição incondicional. Ensina que “Deus elegeu somente alguns para serem salvos; Cristo morreu apenas pelos eleitos” (Jo 6.65; At 13.48; Rm 8.29; Ef 1.4,5; 1 Pe 2.8,9);
Aceitá-la é concordar que Deus faz discriminação, ou acepção de pessoas; mais crucial ainda é aceitar que Deus elege pessoas para serem salvas, desde o ventre; enquanto predestina à maior parte, irremediavelmente, para a condenação eterna.
(3) Expiação limitada (ou particular). “A salvação, ainda que para todos só é alcançada pelos eleitos” (Jo 17.6,9,10; At 20.28; Ef 5.25; Tt 3.5). Se a eleição condicional colide com a idéia de um Deus justo, que não faz acepção de pessoas, a idéia da expiação limitada faz do sacrifício de Cristo uma encenação terrível. Se alguns já nascem, de antemão eleitos, certamente, a Bíblia deveria afirmar que Jesus viera ao mundo para salvar apenas os eleitos.
(4) Graça irresistível. “Para os eleitos, a graça é irresistível. Mesmo que pequem, serão salvos; para os não-eleitos, a graça não lhes alcança; mas agem livremente”. “A graça de Deus se manifestou a todos e não apenas a um seleto grupo de eleitos, ou predestinados”.
(5) Perseverança dos salvos. Segundo Calvino, “o Espírito Santo faz com que os eleitos perseverem. Não são eles que têm a decisão de perseverar. Eles não podem perder a salvação. É impossível um eleito se perder”.
*Essas são as alegações usadas pelos calvinistas para fundamentar a doutrina da predestinação absoluta.

A Predestinação

Doutrina pregada por Jacobus Arminius (1560-1609). Foi sucessor de Calvino, e concluiu que o teólogo francês se equivocara. Sua doutrina também pode ser resumida em cinco pontos:
(1) A predestinação de Deus é condicional (e não absoluta). “Deus escolheu baseado em sua presciência. Qualquer pessoa que crê pode ser salva” (Dt 30.19; Jo 5.40; Tg 1.14; 1 Pe 1.2; Ap 3.20).
Em toda a Bíblia, percebe-se que o relacionamento de Deus com o homem exige condições; se o homem as cumpre, é abençoado; se não as cumpre, é penalizado. Se uns nascessem predestinados para a vida eterna, não adiantaria pregar o evangelho, conforme a Grande Comissão (Mc 16.15,16);
(2) A expiação é universal. “O sacrifício de Jesus foi a benefício de todos os pecadores. Mas só os que crêem nEle serão salvos” (cf. Jo 3.16; 12.32; 17.21; 1 Tm 2.3,4; 1 Jo 2.2);
(3) Livre-arbítrio. “O pecado passou a todos os homens, mas as pessoas podem crer, arrepender-se e a aceitar a Cristo como Salvador” (Is 55.7; Mt 25.41,46; Mc 9.47,48; Rm 14.10,12; 2 Co 5.10). O livre-arbítrio é condição indispensável para que seja real o fato de o homem ter sido criado conforme a imagem e a semelhança de Deus.
(4) O pecador pode eficazmente rejeitar a graça de Deus. “Deus deseja salvar o pecador, e tudo provê para que ele alcance a salvação. Mas, sendo ele livre, pode rejeitar os apelos da graça” (Lc 18.23; 19.41,42; Ef 4.30; 1 Ts 5.19).
(5) Os crentes em Jesus podem cair da graça. Se o crente, uma vez salvo, não vigiar e orar (Mt 26.41), e não buscar a santificação (Hb 12.14; 1 Pe 1.15), poderá cair da graça e perder-se eternamente, se não tiver oportunidade de reconciliar-se com Deus. Por isso, Jesus disse que quem “perseverar até ao fim será salvo” (Mt 10.22; Lc 21.36; Gl 5.4; Hb 6.6; 10.26,27; 2 Pe 2.20-22).

Eleição e Predestinação – Uma Abordagem Compreensiva

Eleição significa “Ato de eleger; escolha, opção, preferência, predileção”. A doutrina calvinista entende que Deus elegeu somente um grupo de pessoas, e predestinou-as para serem salvas. É a visão da eleição e da predestinação absolutas. Os arminianos entendem que existe eleição e predestinação, sim, mas no sentido relativo. Esta visão parece-nos mais consentânea com a maneira pela qual Deus exerce sua soberania, ao mesmo tempo em que assegura a liberdade do homem.
A predestinação absoluta esbarra em sério conflito doutrinário e moral. Deus não faz acepção de pessoas, e reprova quem o faz: “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1);(Tg 2.9); (Ef 6.9). Assim, se Deus não faz acepção de pessoas, não podem os aceitar que alguns já nasçam predestinados para a perdição, e outros, eleitos, já nasçam predestinados para a salvação.

O Significado da Eleição (gr.eklegoe)

Há diversos e variados pontos de vista sobre o tema da eleição. Eleição é a “escolha por Deus daqueles que crêem em Cristo”. Diz a Bíblia: “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.29,30; 9.6-27; 11.5,7,28; Cl 3.12).

Isso nos leva às seguintes conclusões:

(1) Os eleitos, segundo a presciência de Deus, o são na união com Cristo. Deus “nos elegeu nele” (Ef 1.4). Antes de alguém aceitar a Cristo, a eleição não tem qualquer sentido, ou efeito;
(2) Deus nos predestinou para sermos “à imagem de seu Filho”, conhecendo-nos, como eleitos, “dantes”, isto é “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4). Essa eleição tem sentido “profético”, só se tornando real, a partir da união com Cristo.
(3) Cristo é o Primeiro (Mt 12.18; 1 Pe 2.4). “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Jesus foi o primogênito em tudo. Foi o “primogênito de toda a criação” (Cl 1.15). “E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1.18); “o primogênito dos mortos” (Ap 1.5).
(4) “A eleição em Cristo é em primeiro lugar coletiva, isto é, a eleição de um povo (Ef 1.4,5,7,9; 1 Pe 1.1; 2.9). Os eleitos são chamados ‘o seu corpo’ (Ef 1.23; 4.12), ‘minha igreja’ (Mt 16.18), ‘povo adquirido’” – eleito por Deus (1 Pe 2.9). Logo, a eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo, somente à medida que este se identifica e se une ao Corpo de Cristo, a Igreja verdadeira (Ef 1.22,23).
(5) O eleito pode perder a salvação. Pode cair da graça, no dizer de Armínio. Precisa perseverar até o fim (Mt 10.22); precisa vigiar e orar (Mt 26.41); precisa buscar a santificação (Hb 12.14; 1 Pe 1.15); ver também Lc 21.36; Gl 5.4; Hb 6.6; 10.26,27; 2 Pe 2.20-22). A salvação só é eterna, se o crente permanecer debaixo da graça de Deus, em comunhão com Jesus.

Significado da Predestinação (gr. proorizo; lat. praedestinatione)

Predestinação tem o significado de “decidir de antemão”. Em termos bíblicos e teológicos, a predestinação está relacionada à eleição. “A eleição é a escolha feita por Deus,’em Cristo’, de um povo para si mesmo (a Igreja). A predestinação abrange o que acontecerá ao povo de Deus (todos os crentes) genuínos em Cristo”. Com base na Palavra de Deus, podemos discriminar dez característica dos eleitos em Cristo.
(1) Deus predestina os eleitos a serem:

(a) chamados (Rm 8.30); (b) justificados (Rm 3.24); 8.30); (c) glorificados (Rm 8.30); (d) conformes à imagem do Filho (Rm 8.29); (e) santos e irrepreensíveis (Ef 1.4); (f) adotados como filhos (Ef 1.5); (g) redimidos (Ef 1.7); (h) participantes da herança, redenção, e louvor de sua glória (Ef 1.14); (i) participantes do Espírito Santo (Ef 1.13; Gl 3.14); (j) criados em Cristo Jesus para as boas obras (Ef 2.10).
(2) A predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo de Cristo (i.e. a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quanto inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus Cristo (Ef 1.5,7,13; cf. At 2.38-41; 16.31)”.14
Ninguém, à luz da Bíblia, pode se considerar eleito sem antes, ter aceitado a Cristo como Salvador, livre e conscientemente. Diz a Bíblia: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos” (Jo 8.31). O Mestre se referia aos judeus que criam nele. Para se tornarem discípulos de Jesus, isto é, salvos, teriam de “permanecer” na sua Palavra. Vê-se claramente que a salvação, que implica em eleição, não é um direito adquirido com o nascimento. É um “poder” outorgado (Jo 1.12), a quem aceita as condições exigidas na Palavra de Deus.
Pb. Herlon Charles
Superintendente da Escola Dominical
Contato: herloncharles@live.com/ 2597-9280/ 7669-8494/ 9754-2733

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