06 agosto 2010

A Natureza da Atividade Profética


Um dos termos hebraicos para profeta é “nabhi’ ” procede de certa raiz hebraica cujo significado original é “ferver, borbulhar, líquido em ebulição”. Profeta, portanto, quer dizer aquele que ferve com a inspiração ou com a mensagem divina, sugerindo
 assim, o despejar de palavras geradas por animação fervorosa ou por inspiração divina. O termo hebraico em apreço foi captado pelo termo grego “prophetes” que significa “falar por”, “representar”, ou ainda, “alguém que fala em lugar de outra pessoa” (Êx 4.16; 7.1). Segundo a etimologia de “nabhi’”, “a função de um profeta é agir como embaixador ou mensageiro divino, anunciando a vontade de Deus para o seu povo, especialmente em época de crise”. Eles falavam não de homem para homem, mas como pessoas investidas de autoridade de Deus, a fim de falar em seu nome aos pecadores. Deus disse a Moisés: “Suscitar-lhe-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja “boca” porei as minhas palavras” (Dt 18.18). De modo semelhante, o Eterno disse a Jeremias: “Eis que ponho na tua “boca” as minhas palavras” (Jr 1.9).

As Três Classes de Profetas - Orais, da Escrita e Cúltica:
Profetas Orais: Gade (1 Sm 22.5); Natã (2 Sm 12.1); Ido (2 Cr 9.29); Aías (1 Rs 11.29); Semaías (1 Rs 12.22); Elias (1 Rs 17.1); Azarias (2 Cr 15.1); Eliseu (2 Rs 4.8,9);

Profetas da Escrita: São aqueles que se preocuparam em registrar por escrito suas exortações, admoestações, consolações e previsões futuras. Os profetas da Escrita eram também profetas Orais. Destacamos como profetas da Escrita: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, entre outros.

Profetas cúlticos: Os profetas cúlticos são aqueles em que a profecia estava moldada numa forma litúrgica. O texto de 2 Crônicas 20 pressupõe que os profetas cúlticos estavam ligados ao santuário, trabalhando juntamente com o sacerdote, e estavam incumbidos do aspecto sacrifical da adoração (2 Cr 29.21-24). Jaaziel era um levita, oficial do culto, dotado de uma capacidade profética (2 Cr 20.14).

A Mensagem dos Profetas:

Os Profetas Anunciavam a Palavra do Senhor (Hb 1.1): É freqüente, nas páginas do Antigo Testamento, a expressão “assim diz o Senhor”, como um recurso emblemático que ratifica a procedência da profecia e o caráter infalível da mesma. Além dessa expressão central, a mensagem dos profetas era acompanhada de atos simbólicos que, tal qual uma imagem esculpida no pálido mármore, era registrada concretamente no coração de pedra da nação judaica.

O refrão “assim diz o Senhor” era atestado de duas formas:
Através de palavras, com autoridade divina (2 Pe 1.21): Várias vezes os profetas punham seus oráculos em forma de parábolas ou alegorias, seguindo o estilo poético de sua época (Is 5.1-7; 2 Sm 12.1-7; Ez 16; 17).
Através de ações concretas ou atos simbólicos: Muitos profetas serviram-se de potentes recursos audiovisuais ao executarem atos simbólicos que encerravam a sua mensagem. Por exemplo:

Isaías: Andou três anos descalço e nu por sinal e prodígio sobre a Etiópia (Is 20.3).
Jeremias: É recomendado a descer à casa do oleiro (Jr 18) a fim de receber a mensagem de Deus.

Oséias: É orientado para casar-se com uma mulher prostituta (Os 1.2), para que sua vida fosse uma viva pregação da infidelidade do povo e do amor do Senhor.

Ezequiel: Cercou uma cidade em miniatura (Ez 4.1-3); escavou através do muro da casa (Ez 21.1).

Aías: Ao rasgar sua roupa em doze pedaços, e entregar dez a Jeroboão (1 Rs 11.29).

Estes atos, também chamados de oráculos por ação (atos simbólicos), eram um auxílio visual, associado a eficácia da palavra entre os hebreus. O texto de 2 Reis 13.14s., ilustra eficazmente a relação exata em que o símbolo estava em relação à palavra, e em que ambos estavam em relação aos acontecimentos. A palavra corporificada no símbolo é extremamente eficaz e impossível que deixe de ser cumprida; realizará exatamente aquilo que o símbolo declarava.

Os profetas anunciavam mensagens para a sua época: Uma das importantes funções dos profetas era a interpretação dos fatos passados e presentes. Neste sentido, suas profecias podiam referir-se ao passado ou ao presente, assim como ao futuro.
No primeiro caso, é uma palavra inspirada em antecipação. A mensagem profética, quando não se refere ao futuro é uma declaração da verdade sobre qualquer assunto, recebida por direta inspiração de Deus.

Especialmente na mensagem dos profetas pré-exílicos, vemos três temas principais:
Combate aos pseudoprofetas: Eram combatidos aqueles que se preocupavam em agradar ou em ser popular, dizendo aquilo que o povo gostava de ouvir (Os 4.5; Is 3.1-3; 9.14s; 28.7s; Jr 5.31; 6.13; 8.10; 23). Jeremias capítulo 23, descreve o falso profeta como: Imoral e que não reprova a imoralidade de outros (23. 10-14).

Combate à Idolatria: Os profetas cúlticos (2 Cr 20.14) exortavam os clérigos e os adoradores contra as influências pagãs no culto a Deus, como também ao culto correto na sua forma, mas destituído de sinceridade: hipócrita e vazio (Is 29.13).

Combate às Falsas Esperanças: Especialmente aquelas que os falsos profetas alimentavam com suas mensagens, as quais, resumidamente, diziam: “paz, paz...” quando na verdade “não há paz” (Jr 6.14; 8.11; 14.13; 23.17).

Acerca de um Futuro Lúgubre: Os profetas que atuaram antes do cativeiro costumam ser chamados profetas do juízo. No reino do Norte, os profetas Amós e Oséias alertavam para o cativeiro assírio que se aproximava. No reino do Sul, todos os profetas e, especialmente, Isaías e Jeremias, pregavam que o povo teria a mesma sorte do reino vizinho, caso não se voltasse para o Senhor.
Os profetas recebiam suas mensagens do Senhor: Os profetas falavam movidos pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21). Literalmente, a palavra “movido” significa “carregado” e designa a ação divina no processo da inspiração profética. A mensagem profética jamais foi produzida pela mente ou perspicácia do profeta, pois este falava somente o que o Espírito Santo desejava que falasse. Isto, porém, não anulava a individualidade e personalidade do mesmo, como afirma a teoria do ditado mecânico; antes, porém, privava-o de erros. A forma pela qual recebia a mensagem nem sempre está relatada. Alguns ouviam a voz do Senhor, como por exemplo, Oseias e Jeremias, enquanto outros como Amós, Ezequiel e Daniel, tinham visões.
Os livros proféticos freqüentemente mencionam a atividade de Deus na transmissão da palavra profética, a saber:

“A mão do Senhor estava sobre o profeta” (Is 8.11; Ez 1.3; 3.14).
“O Espírito do Senhor caiu sobre o profeta” (Ez 11.5).
“A palavra do Senhor veio sobre o profeta” (Jl 1.1; Jn 1.1; Mq 1.1).
“O profeta tomava conselho com o Senhor; não raras vezes, via e ouvia a palavra profética” (Jr 23.18).
“Deus falou pelos profetas” (Hb 1.1).
“O Espírito de Cristo neles estava” (1 Pe 1.11).
Acerca de um Futuro Promissor: Essa é a tônica dos profetas que atuaram durante e após o Cativeiro. A esperança para o futuro dizia respeito não apenas ao futuro próximo (volta do cativeiro), mas também a um futuro distante, quando as promessas dadas a Davi terão seu cumprimento, e o reino será restabelecido em glória. Muitas dessas profecias se cumpriram em Cristo e outras ainda estão por se cumprir.

Êxtase e o Profeta

No grego, significa literalmente Estar fora de si mesmo. Essa palavra é usada para indicar alguma emoção dominante ou alguma exaltação mental, como um êxtase de alegria. No estado de êxtase o auto-controle e a auto-consciência acham-se num ponto mínimo; nesse estado extático pode-se receber visões revelatórias.
Os intérpretes naturalistas dizem que um dos aspectos mais característicos da atividade dos profetas hebreus era um estado de êxtase que tendia produzir visões e idéias não naturais, e que sua crença de que eles eram divinamente dirigidos era simplesmente o resultado de um estado emocional.

Para confirmarem sua interpretação, os naturalistas tomam por base a seguinte passagem bíblica: I Rs 18:26-28, no registro das atividades dos profetas de Baal: eles se movimentavam ao redor do altar; clamavam em altas vozes; se retalhavam com facas e lancetas, até derramarem sangue.

As declarações de que os profetas israelitas se comportavam de maneira semelhante à dos profetas de Baal basearam-se em poucos versículos, uma vez que a maioria das referências aos profetas não contém qualquer sugestão a essa atitude. Porém, os naturalistas acrescentaram as seguintes passagens bíblicas para embasarem suas afirmações: Nm 11:24-30; I Sm 10:5-11; 19:18-24.

Refutações:

I Rs 18:26-28 - Notemos que este não é um registro sobre os Profetas Hebreus. Ao contrário, vemos uma atitude tranquila e digna de Elias, o verdadeiro profeta e um profeta hebreu, que é um contraste vívido às atividades orgiásticas e extáticas atribuídas aos profetas de Baal (I Rs 18:30-37).

Pb. Herlon Charles
Superintendente da Escola Dominical
Contatos: 2597-9280/ 3066-3221(tel.movel)/ 7669-8494/ 8150-4453

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