30 agosto 2008

Vinho, vinagre, abstinência, moderação.


VINHO Onze palavras heb. diferentes são assim traduzidas no AT. A distinção exata entre todas elas é difícil, e, certamente, im­possível de se determinar agora.


No entan­to, a maior parte delas é usada apenas algu­mas vezes. O interesse maior liga-se a duas palavras do AT que são usadas diversas ve­zes: yayin (134 vezes) e tirosh (38 vezes). A contraparte do NT é oinos (usada 33 vezes). O termo heb. yayin "parece ser usado para descrever 'todos os tipos de vinho'" (Ne 5.18), desde o simples suco de uva, ou um xarope engrossado, até as bebidas alcoólicas mais fortes com as quais os israelitas estavam familiarizados, cujo uso freqüentemente le­vava a cenas deploráveis de embriaguez" (Fairbairn, Imperial Standard Bible Ency­clopedia, VI, 341).

Esta é a palavra usada na primeira referência bíblica ao vinho (Gn 9.21). Ele era intoxicante, e então fez com que Noé caísse em uma condição vergonho­sa, a qual deu ocasião a um grave pecado por parte de seu filho, Cam. Melquisedeque trouxe pão e yayin para o conforto de Abraão (Gn 14.18). As filhas incestuosas de Ló o usa­ram para causar em seu pai uma condição inebriante (Gn 19.30-38).

Esta palavra é usada em relação ao vinho apresentado como uma oferta de bebida (ou libação) ao Senhor (Ex 29.40, et al.).

Os sacerdotes eram proibidos de beber yayin quando ministravam no Tabernáculo (Lv 10.9). Pode ser inferido que a ingestão de vi­nho foi o que causou o erro de Nadabe e Abiú que resultou em sua destruição (Lv 10.1,2). Semelhantemente, ele era proibido ao nazi­reu durante o período de sua separação (Nm 6.3,20).


Os recabitas recusavam-se a beber vinho, porque um notável antepassado havia recomendado que não o fizessem (Jr 35.6,7). O propósito daquele homem foi, aparentemen­te, conservar a vida simples e nômade de seu povo, evitando que se envolvessem com os perigosos luxos da civilização.

O termo heb. tirosh é usado para o suco que acabou de ser extraído das uvas, e freqüen­temente traduzido como "vinho novo". Cer­tamente a palavra é usada aparentemente até mesmo para denotar o suco ainda não espremido das uvas (Is 65.8; Mq 6.15).


Quan­do se permitia que o suco fermentasse, o re­síduo, borra ou sedimento, ao depositar-se no fundo do reservatório, dava força e sabor ao vinho. Antes de ser servido, o vinho deve­ria ser filtrado para eliminar a borra (veja Borra; Resíduos). Apenas uma vez a intoxi­cação é presumivelmente sugerida em cone­xão com a palavra tirosh (Os 4.11), mas o Talmude deixa claro que ele também pode­ria ser fermentado.

O termo gr. oinos é a tradução dos dois ter­mos hebraicos na Septuaginta. Todas as re­ferências do NT ao vinho, exceto uma (At 2.13), usam esta palavra. O termo gr. refe­re-se a "vinho, normalmente ao suco de uva fermentado" (Arndt, p. 564). O processo de fermentação é evidentemente citado em Marcos 2.22, e o suco, quando colocado pela primeira vez nos odres, é chamado de "oinos novo".


Na festa de casamento de Caná, o Senhor Jesus transformou a água em oinos, e este foi elogiado como sendo melhor que o servido anteriormente (Jo 2.1-10).

O termo vinagre (heb. homes, gr. oxos) na Bíblia refere-se ao vinho azedado ou fermen­tado, o vinagre de vinho que era mais bara­to do que o vinho normal, e assim uma bebi­da predileta para as camadas mais baixas da sociedade (Rt 2.14). A profecia em Sal­mos 69.21, "Na minha sede me deram a be­ber vinagre", teve um cumprimento no mo­mento do sofrimento do Senhor Jesus na cruz (Mt 27.48; Me 15.36; Lc 23.36; Jo 19.28-30). Os soldados romanos bebiam um vinho fino e azedo que em latim era chamado de acetum, "vinagre, vinho azedado".

Abstinência total ou moderação? Muita dis­cussão tem reinado entre os estudantes da Bíblia quanto a se as Escrituras ensinam a abstinência total ou se sancionam o uso mo­derado de vinho. Podem ser encontradas autoridades que insistem que quando o vinho fermentado é citado, é sempre por meio de condenação, e que os versículos que parecem recomendar o uso de vinho sempre têm em vista o suco não fermentado (John W. Haley, Alleged Discrepancies ofthe Bible, p. 252). Entretanto, é duvidoso que essa tese possa ser mantida.


Todos concordam que a Bíblia uniformemente condena o bebedor de vinho ou bêbado (Pv 23.20,21), e a embriaguez e o abuso do vinho (Pv 20.1; 21.17; 23.30,31; Is 5.22; 28.7; Jl 1.5; Am 6.6; Hc 2.5; Ef 5.18; 1 Tm 3.8; Tt 2.3). Mas o vinho foi sugerido por Paulo a Timóteo para propósitos medicinais (1 Tm 5.23).

O próprio Senhor Jesus deve ter compartilhado algum vinho, porém foi incorretamente classificado como um "beberrão" (Mt 11.19; Lc 7.34). Aos crentes, porém, foi recomendado que se abstenham do vinho, se isto for colocar um tropeço dian­te de um irmão mais fraco (Rm 14.21).

Mui­tos que reconhecem que a Bíblia não proíbe absolutamente o uso do vinho, entretanto, sentem que "a completa abstinência pode ser amplamente defendida com base nos princí­pios bíblicos" (Roland H. Bainton, "Total Abstinence and Biblical PrincipIes", CT, 7 de julho de 1958, pp. 3-6).

Uso figurativo. O vinho é retratado como algo que "alegra o coração do homem" (SI 104.15). Ele é, portanto, usado como uma metáfora para a alegria e a satisfação trazidas pela salvação do Senhor (Is 55.1; Zc 10.7). O Se­nhor Jesus comparou seu ensino do reino e uma nova criação com o vinho novo que pode­ria romper os odres velhos da tradição judai­ca (Mt 9.17).


Quando as nações são inexora­velmente forçadas a suportar os juízos terrí­veis nas mãos de Deus, a situação é às vezes retratada como se elas fossem forçadas a be­ber o cálice cheio "de vinho do furor" (Jr 25.15; 51.7; Ap 14.10; 16.19). Tornar-se intoxicado com falsos ensinos e maus princípios é sim­bolizado sob a figura de tornar-se embriaga­do com vinho (Ap 14.8; 17.2; 18.3).



(Dicionário Wycliffe. CPAD. p.2021-2022)

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...